Cessavam clima em escusados jogos de cartas. Noites ampliadas, cansaço nos olhos, mas o coração sempre em desperta. Mal compreendiam o bonito sentimento que ali se deparava. Talvez fosse essa a resposta para a questão da perda dos seus tempos em algo deveras, parvo! Palavras desconhecidas, olhares frequentes, toques raros, porém, extremamente desejosos. Um único candeeiro aclarava aquela divisão - bastava. Simplesmente o som das cartas a deslizarem pelos lençóis daquela cama, soavam. Minto. Também era possível ouvir o ruído do amor de cada um. Esse, é um som raro, somente existente nos verdadeiros momentos de paixão. Apesar dessa mútua decoração, eles não se notavam. O medo de soltar uma sílaba percorria as veias. Não acabava de uma brincadeira infantil. Completavam-no para partilhar o mesmo ambiente, para se observarem e quem sabe, para imaginarem os seus corpos colados. Jogavam à sorte – resumo. Arremessavam a carta que a sua mão elegia por acaso, não escapando o olhar do outro. Aliás, eles aprovavam de se divertir desta forma. Mas sonhavam em muito mais, um futuro sucesso talvez. Cada movimento era um mais no seu prazer.
Um acrescento de mais uma noite em 67 dias iguais. Este 68º dia foi o oposto de qualquer outro. Daquela porta reconhecida, ele, Joe, entrou com uma estranha energia. Uma energia comum, porém – o álcool – tendo provas, sendo essas a pequena garrafa de cerveja “Super Bock” (não diria que tivera sido uma má escolha na marca) que o assistia. Caso estejas a pensar, não!, não estava bêbedo. Aquele acto era uma feitio de o admitir. Fê-lo de modo rápido. Ele – o outro – Nick, localizava-se na sua usual posição. Isso cambiou quando Joe procedeu. Beijou-o, assentando-o na cama. Detiveram numa sequência de minutos, simultaneamente com um sorriso.
Dizem que algo mais pode ter surgido, mas não há testemunhas para afirmar tal.